Há um ano
sábado, 31 de janeiro de 2009
Estereótipo de um Espelho Artificial
Quem foi que disse que sou um cara bonzinho?
Honestamente (e felizmente) não sou!!!
Uma das melhores coisas que vem acontecendo na minha vida é o rompimento com a noção de bom e ruim.
Pode parecer um tanto clichê falar sobre isso, mas convivemos com essa noção ( judaico-cristã, ou coisa do gênero, muito ingênua por sinal) onde classifica-se o indivíduo X com o rótulo tal porque faz isso e o outro indivíduo Y com o rótulo tal porque faz aquilo. Somos educados justamente para isso, em maior ou menor escala (quem teve uma formação religiosa bem doutrinária ou rígida sabe do que estou falando).
O pior é que nessa noção dual das coisas, estabelecemos rígidos padrões (idealizados e estereotipados) do que desejamos ser ou do que achamos ser, o tal sujeito bonzinho/idealizado pode acabar virando um fardo para quem o carrega.
Você passa a fazer certas coisas porque "DEVE" ser sempre alguém BOM, ou quem sabe DEIXE de fazer várias outras porque um cara bonzinho não o faria. Com o tempo seu cérebro vai criando uma espécie de "crosta", um indivíduo artificial, com emoções e gestos forçados em nome da tal bondade ou rótulo. Acredito que esse padrão de comportamento não seja intencional para algumas pessoas, principalmente para aquelas que ainda vêm vantagens na perfeição dos seres.
Vou ser objetivo agora: Nada melhor que a liberdade! Nada melhor que você não ter de ser bonzinho ou malzinho, de poder apenas ser você com defeitos e qualidades. Isso implica não dar mais satisfações a NINGUÉM em relação a sua complexidade (talvez nem mesmo cada um de nós vamos entender plenamente essa tal complexidade).
É por isso que atualmente tenho certo pavor em tomar posições em algumas coisas...
Ser de partido de direita ou de esquerda, da tal linha teórica ou desta, adepto dessa ou daquela religião, ser bom ou mal. Também não suporto conversas do tipo "há mais fulana é isso" ou "beltrano com certeza é aquilo". Rótulos, rótulos, rótulos, rótulos....
A melhor herança desses novos tempos é ter a liberdade de romper com a UNIDADE das coisas: somos brancos- negros, homens-mulheres, bons-ruins, capitalistas-socialistas, bons-ruins por 24 horas de cada segundo e dias de nossas vidas.
É viver na mesclagem de cada parte do seu SER e viver bem feliz assim!
É querer chegar aos seus objetivos sem se culpar por isso, olhar no espelho e dizer "sim, sou mesmo um cara de ambições e daí? Estou fazendo mal a alguém?" (Esquecendo a estereotipada regra do "ser pobre é ser alguém bom").
Admitir suas forças e fraquezas como componentes da sua personalidade. Bons componentes por sinal.
Feliz é o dia em que gritamos bem alto, no meio da rua ou entre as paredes de casa: DANEM-SE! ESSE SOU EU!
E o melhor: você está muito bem assim!
Essa é a maior felicidade de todas: o querer e poder ser VOCÊ, ser o EU mesmo.
Enterrem aqueles infelizes ideais, rótulos e padrões.
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3 comentários:
Bom demais!
Leia isso ouvindo Los Hermanos - Cara Estranho e se identifique!
A denominação de pecado, de crime e castigo, céu e inferno, redenção, expiação... tudo isso nos leva a crise constante diante de nossos comportamentos... não vivemos livremente; vivemos em prol de uma conduta, uma prece egoísta, de um constante afastamento daquilo que pode violar nossa alma, nosso "templo sagrado"
Qual é a arte de "pecar"? E em qual momento podemos viver na íntegra o conceito de que é errando que se aprende?
Esse dualismo equivale à fadiga do viver preso às linhas que nos transformam a meros bonecos de corda.
Que permitamos viver como seres errantes, porém livres.
É isso aí, Andrezão! Somos todos constituídos de matérias-primas dos mais diversos tipos, das mais diversas fontes. Qualquer rótulo (imposto ou auto-imposto) é leviano e simplista demais. Qualquer ser-humano guarda em seu ser a complexidade suficiente para subverter qualquer expectativa. Eu nunca subestimo a vocação que as pessoas têm de vencer qualquer estereótipo (ainda que seja uma vocação apenas latente, o germe está lá, em algum lugar).
A liberdade de ser é um bem que negligenciamos em função de parâmetros sociais muito arraigados. Desde o nascimento nos condicionamos a incorporar regras e mais regras, sem a devida reflexão. No final das contas, somos produto do meio sim. Mas é esse produto (chamado "eu") que deve escolher que influências continuará recebendo e qual o futuro possível de acordo com sua própria energia moral.
Forte abraço.
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