Uma inédita e inexplicável epidemia de MUDEZ atinge uma cidade. À medida que os afetados são colocados em quarentena e os serviços oferecidos pelo Estado começam a falhar as pessoas passam a lutar por suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários.
Adaptado de Ensaios sobre a Cegueira de Saramago
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No início desta semana contei um problema que passei no trabalho a alguém, ao terminar de falar, pensei: "não deveria ter contado um problema pessoal meu para essa pessoa".
Neste dia, questionei as estratégias que poderia usar para guardar informações pessoais, o famoso "tranca a boca". Pensei: "talvez eu deva contar de um a cinco enquanto decido", "poderia respirar fundo", " vou pensar nas consequências antes de falar", ao fim, conclui que isso é um desafio tamanho para pessoas comunicativas como eu (diferenciar o comunicar com o confidenciar).
Engraçado, por ironia da vida, escrevo essas linhas como um "quase mudo". Estou com a garganta inflamada, falar causa tanta dor que disponho-me a ficar "mudo" até que as medicações façam efeito. Não consigo falar nada sem sentir uma dor chata, como se acontecesse um arranhão nas cordas vocais que me impede de falar as coisas mais básicas.
Uma punição ao falante? Não sei. Certo mesmo é que deixar de lado minha espontaneidade e capacidade de comunicação seria deixar de ser eu, algo que não desejo de maneira alguma, estou bem assim, apenas, como para tudo na vida, busco equilíbrio.
Há um ano
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