quarta-feira, 27 de maio de 2009



Jogue o óbvio fora.
Quebre a droga da rotina.
Não espantem-se com os gritos ansiosos de liberdade.
Ainda bem que existem os dias de loucura. Do impensado.
Lance o óbvio no primeiro latão que encontrar.
Bye Bye!!!

sábado, 23 de maio de 2009

As Vitrines

Foto by: Cláudio (Elevador Santa Justa/ Cidade: Munique)
Composição: Chico Buarque

Eu te vejo sair por aí
Te avisei que a cidade era um vão
- Dá tua mão
- Olha pra mim
- Não faz assim
- Não vai lá não

Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir

Já te vejo brincando, gostando de ser
Tua sombra a se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar

Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Maquiagem

Foto by: Tiago João Luís Henrique

A boneca estava em frente a penteadeira marrom de vidro. Apenas mais um objeto decorativo naquele quarto de menina, repleto de outros brinquedos, todos certinhos e arrumados recentemente pela babá.

Na verdade, a boneca nem mesmo gostava de crianças, queria mais era ser um livro, cheio de idéias, com muitas páginas e assuntos interessantes. Ou quem sabe um CD? Talvez um alto falante para dizer em alto e bom som tudo que desejava para o mundo.

Mas, sabe-se lá porque, com a matéria prima usada em uma fabriqueta qualquer se fez boneca. Ficava ali, muda, com o rosto maquiado, cabelos arrumados e aquele sorriso falso que nem mais agradava a chata menininha que insistia em querer brincar todas as manhãs. É horrível ser uma boneca! Pensava.

Pior mesmo era a maquiagem pesada no rosto e todas aquelas alegorias ridículas do seu corpo.
Se eu pudesse, eu gritava, gritava, gritava!!! Pensava a infeliz boneca de enganadores traços infantis no olhar.

Sua vontade era sair daquele quarto. Os dias eram um pouco melhores quando ainda habitava a loja. Das prateleiras via ao menos coisas mais interessantes. Atualmente, detestava a própria existência, a menina só crescia e ela, a boneca, ficava sempre jogada de um lado para o outro, uma completa inútil a serviço dos anseios domésticos.

Se ela tivesse como, iria descer da cômoda! A primeira coisa que faria, seria tirar a maldita maquiagem. Lavaria tanto o rosto que ficaria vermelho de muito esfregar. Quebraria o estojinho de pó com cores diferentes e finalmente chutaria bem forte o merdinha do patinho amarelo que ficava dentro de um caminhãozinho, ela o aguentou todos esses anos.
Provavelmente, procuraria alguém para finalmente fazer sexo. Lavaria aquele cabelo bem arrumadinho, deixaria ele sempre bem molhado, despenteado, quem sabe o pintasse de uma cor diferente, vinho, como sempre desejou. Iria andar descalça, algumas vezes nua.

Poderia ser ela mesma. Não mais uma boneca, mas a dona da liberdade, sem maquiagens.

domingo, 17 de maio de 2009

Little Joy

Keep me in mind

Leia do começo ao fim e de novo
Segure os sentimentos que atravessam o seu cérebro
Aperte a corda de uma palavra sensível
O que é pior?

Ela deixou sua marca
Permanente
Oh a natureza dos seus versos
Mantém os meus olhos parados na página
E dizia

Francamente querido, sou forçada a desistir
Eu tentei e agora tive o suficiente
Mesmo que tenhamos de dizer adeus
Mantenha-me em mente
Mantenha-me em mente
Mantenha-me em mente

Culpado antecipadamente
Pelo passado
Sem qualquer implicação no tempo presente
Tudo que resta
São as contestações que ela fez
Quando ela diz

Oh querido, um dia
Você aprenderá a ser alguém melhor
Adequado para me querer
Mas até lá
Chamaremos isso de "fim"
E ela acrescenta

Francamente querido, os viajantes estavam certos
Fique durante a tarde e parta à noite
Mesmo que tenhamos de dizer adeus
Mantenha-me em mente
Mantenha-me em mente
Mantenha-me em mente
Mantenha-me em mente

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Angustiar

Angústia, triste angústia.
Com obstinada obsessão, atalhei-te as custas de idealizada e falsa felicidade.
Dias atrás, soube por alguém que não posso viver sem ti.
De amarga angústia, torna-te ao tempo como uvas negras,
ainda que doce.
Oposto do riso que disfarça, minha aflição carrega valioso sentido.
Na retração dos meus excessos, em labirintos de mentiras,
angustiar coloca-me frente as inconvenientes verdades.

Angústia
Segundo a filosofia existencial de Kierkegaard, é uma determinação que revela a condição espiritual do homem, caso se manifeste psicologicamente de maneira ambígua e o desperte para a possibilidade de ser livre. (Aurélio)